domingo, 5 de fevereiro de 2012

Um mês


Já se passou um mês desde que Marcos saiu do Rio Tapajós para uma vida nova. Um longo mês, contado num tempo diferente: o tempo da máquina do tempo. Mais que tudo, foi um mês de muita persistência e paciência.

A volta para casa, evidentemente, gera grandes ansiedades e expectativas, para todos. Em relação a isso, o que se pode dizer é que todas as providências necessárias estão sendo bem encaminhadas.

Essa movimentação da família e amigos já surtiu um resultado concreto e significativo: uma vaga para o Marcos no Instituto Lucy Montoro - centro de referência na reabilitação de traumas motores. Assim que aterrisar na capital paulista, Marcos vai contar com um dos melhores tratamentos disponíveis no país para pessoas com necessidades físicas como as suas. Essa é uma conquista importante. Uma das melhores novidades dos últimos dias.

No entanto, antes de acolher uma transferência, o Lucy Montoro exige que a família disponibilize alguém que reúna condições (físicas e psicológicas) para acompanhar o paciente em tempo integral durante a reabilitação. Ricardo (irmão do meio) retornou de Santarém para São Paulo essa semana, justamente para se submeter à essa avaliação criteriosa do Instituto. Foi aprovado para assumir a função de cuidador. No Lucy, Ricardo passará por um processo intensivo de formação e retransmitirá à toda família as orientações por ele recebidas, para que todos possam cuidar do Marcos. O posto que Ricardo ocupava em Santarém foi imediatamente assumido por Ângelo, um grande amigo que acaba de desembarcar no Baixo Amazonas para passar os próximos dias dando uma força para o Marcos.

Quanto ao transporte, o corpo médico e administrativo do Hospital Regional de Santarém tem trocado papéis e telefonemas com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

A máquina do tempo tem vários tempos... Assim, há o tempo da burocracia e, simultâneo a ele, há o tempo do corpo. Os médicos são firmes quando dizem que o retorno do Marcos só acontecerá quando seu quadro clínico estiver estabilizado. Portanto, amigos, não há previsão para seu retorno. A distância é longa e a viagem é cansativa. Marcos vai se preparando, no seu ritmo. Seu corpo e sua mente continuam trabalhando com afinco, sem tréguas. A fisioterapia segue intensiva.

Os antibióticos haviam sido suspensos para analisar a resistência do sistema imunológico. Mas logo a febre, que vinha cessando, ressurgiu. Um exame já identificou a causa: uma bactéria branda que se intrometeu pelas costas, através da ferida no cóccix, que ainda cicatriza. O procedimento foi logo retomar os antibióticos e a febre parece que vai cedendo.

Outro sintoma que precisou de tratamento foi uma anemia, controlada com uma transfusão de sangue. Foram duas bolsas de muita energia! De agora em diante, a taxa de hemoglobina continuará sendo monitorada.

Um bom sinal é que o sono do Marcos vai ficando cada vez mais longo e profundo. Do descanso ele traz mais disposição. E mais disposto, aos poucos, vai se recompondo do primeiro mês de sua nova vida.

Tivemos um mês bastante difícil, que demorou mais que outros talvez, por ser contado num tempo diferente: o tempo da máquina tempo. Um mês que exigiu muita persistência e paciência, mas que, inevitavelmente, como todo mês, veio para passar!

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