Já se passou um mês desde que Marcos saiu do Rio Tapajós para
uma vida nova. Um longo mês, contado num tempo diferente: o tempo da máquina do
tempo. Mais que tudo, foi um mês de muita persistência e paciência.
A volta para casa, evidentemente, gera grandes ansiedades e
expectativas, para todos. Em relação a isso, o que se pode dizer é que todas as
providências necessárias estão sendo bem encaminhadas.
Essa movimentação da família e amigos já surtiu um resultado
concreto e significativo: uma vaga para o Marcos no Instituto Lucy Montoro - centro
de referência na reabilitação de traumas motores. Assim que aterrisar na capital
paulista, Marcos vai contar com um dos melhores tratamentos disponíveis no país
para pessoas com necessidades físicas como as suas. Essa é uma conquista
importante. Uma das melhores novidades dos últimos dias.
No entanto, antes de acolher uma transferência, o Lucy Montoro
exige que a família disponibilize alguém que reúna condições (físicas e
psicológicas) para acompanhar o paciente em tempo integral durante a
reabilitação. Ricardo (irmão do meio) retornou de Santarém para São Paulo essa
semana, justamente para se submeter à essa avaliação criteriosa do Instituto.
Foi aprovado para assumir a função de cuidador. No Lucy, Ricardo passará por um
processo intensivo de formação e retransmitirá à toda família as orientações por
ele recebidas, para que todos possam cuidar do Marcos. O posto que Ricardo
ocupava em Santarém foi imediatamente assumido por Ângelo, um grande amigo que
acaba de desembarcar no Baixo Amazonas para passar os próximos dias dando uma
força para o Marcos.
Quanto ao transporte, o corpo médico e administrativo do
Hospital Regional de Santarém tem trocado papéis e telefonemas com a Secretaria
de Saúde do Estado de São Paulo.
A máquina do tempo tem vários tempos... Assim, há o tempo da burocracia
e, simultâneo a ele, há o tempo do corpo. Os médicos são firmes quando dizem
que o retorno do Marcos só acontecerá quando seu quadro clínico estiver
estabilizado. Portanto, amigos, não há previsão para seu retorno. A distância é
longa e a viagem é cansativa. Marcos vai se preparando, no seu ritmo. Seu corpo
e sua mente continuam trabalhando com afinco, sem tréguas. A fisioterapia segue
intensiva.
Os antibióticos haviam sido suspensos para analisar a resistência
do sistema imunológico. Mas logo a febre, que vinha cessando, ressurgiu. Um
exame já identificou a causa: uma bactéria branda que se intrometeu pelas
costas, através da ferida no cóccix, que ainda cicatriza. O procedimento foi
logo retomar os antibióticos e a febre parece que vai cedendo.
Outro sintoma que precisou de tratamento foi uma anemia,
controlada com uma transfusão de sangue. Foram duas bolsas de muita energia! De
agora em diante, a taxa de hemoglobina continuará sendo monitorada.
Um bom sinal é que o sono do Marcos vai ficando cada vez mais
longo e profundo. Do descanso ele traz mais disposição. E mais disposto, aos
poucos, vai se recompondo do primeiro mês de sua nova vida.
Tivemos um mês bastante difícil, que demorou mais que outros
talvez, por ser contado num tempo diferente: o tempo da máquina tempo. Um mês
que exigiu muita persistência e paciência, mas que, inevitavelmente, como todo
mês, veio para passar!
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